sexta-feira, 28 de julho de 2017

Ultimo soneto!


Que rosas fugitivas foste ali:
Requeriam-te os tapetes – e vieste...
 Se me dói hoje o bem que me fizeste
 É justo, porque muito te devi.
 Em que seda de afagos me envolvi
 Quando entraste, nas tardes que apareceste
 Como fui de perca quando me deste
Tua boca a beijar, que remordi...
 Pensei que fosse o meu o teu cansaço
 Que seria entre nós um longo abraço
O tédio que, tão esbelta, te curvava...
 E fugiste... Que importa ?
Se deixaste a lembrança violeta que animaste
Onde a minha saudade a cor se trava?...

 Paris - Dezembro 1915
 Mário Sá-Carneiro

Sem comentários:

Enviar um comentário