sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Não te Fies do Tempo nem da Eternidade


Não te fies do tempo nem da eternidade
 que as nuvens me puxam pelos vestidos
 que os ventos me arrastam contra o meu desejo.
 Apressa-te, amor, que amanhã eu morro
que amanhã morro e não te vejo!

 Não demores tão longe, em lugar tão secreto
nácar de silêncio que o mar comprime, ó lábio
limite do instante absoluto!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro
que amanhã morro e não te escuto!
 Aparece-me agora, que ainda reconheço
 a anémona aberta na tua face e em redor dos muros o vento inimigo
... Apressa-te, amor, que amanhã eu morro
, que amanhã morro e não te digo...

 Cecília Meireles,

Sem comentários:

Enviar um comentário