sábado, 23 de janeiro de 2016

TERNURA...


Desvio dos teus ombros o lençol
que é feito de ternura amarrotada
 da frescura que vem depois do sol
 quando depois do sol não vem mais nada...
 Olho a roupa no chão: que tempestade!
 Há restos de ternura pelo meio
 como vultos perdidos na cidade
 onde uma tempestade sobreveio...
 Começas a vestir-te, lentamente,
 e é ternura também que vou vestindo
 para enfrentar lá fora aquela gente
 que da nossa ternura anda sorrindo...
 Mas ninguém sonha a pressa
com que nós a despimos
assim que estamos sós!

 David Mourão-Ferreira,

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