sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Sem remédio...


Aqueles que me têm muito amor
 Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia a dor
 À minha porta e, nesse dia, entrou
 E é desde então que eu sinto este pavor
 Este frio que anda em mim, e que gelou
 O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!
 Sinto os passos de Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!
 E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio
 A mesma angústia funda, sem remédio
 Andando atrás de mim, sem me largar!

 Florbela Espanca

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