quarta-feira, 18 de novembro de 2015

DESPEDIDA...


Por mim, e por vós, e por mais aquilo
 que está onde as outras coisas nunca estão
 deixo o mar bravo e o céu tranquilo: quero solidão.
 Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
 E como o conheces? - me perguntarão.
 - Por não ter palavras, por não ter imagens.
 Nenhum inimigo e nenhum irmão.
 Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.
 Viajo sozinha com o meu coração.
 Não ando perdida, mas desencontrada.
 Levo o meu rumo na minha mão.
 A memória voou da minha fronte.
 Voou meu amor, minha imaginação...
 Talvez eu morra antes do horizonte.
 Memória, amor e o resto onde estarão?
 Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
 (Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
 Estandarte triste de uma estranha guerra...)
 Quero solidão.

 Cecília Meireles

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