sexta-feira, 10 de julho de 2015

Vossos olhos, Senhora, que competem


Vossos olhos, Senhora, que competem
 Com o Sol em beleza e claridade,
 Enchem os meus de tal suavidade,
 Que em lágrimas de vê-los se derretem.
 Meus sentidos prostrados se submetem
 Assim cegos a tanta majestade;
 E da triste prisão, da escuridão

 Cheios de medo, por fugir remetem.
 Porém se então me vedes por acerto
 Esse áspero desprezo com que olhais
 Me torna a animar a alma enfraquecida
 Oh gentil cura! Oh estranho desconcerto!
 Que dareis c' um favor que vós não dais,
 Quando com um desprezo me dais vida?

 Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

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