domingo, 25 de janeiro de 2015

Lobos...



Já não quero mais reflectir,
 Sentir inveja e desprezo pela irreflexão das coisas,
 Encontrar o pathos em cães ou em caligrafias subdesenvolvidas,
 Em jovens raparigas que arranjam o cabelo, todos os castelos de areia
 Caídos por terra à hora de dormir das crianças, junto ao mar.
 Vem a maré e some-se de novo; não quero
 Sublinhar para sempre o seu fluxo, nem a sua permanência,
 Não quero ser um coro trágico ou filosófico,
 Quero apenas olhar de frente o futuro mais próximo
 E depois deixar que o mar nos cubra
. Então, venham todos, aproximem-se, formem um círculo
, Dêem as mãos, façam de conta que, juntas,
 As mãos mantêm afastados os lobos da água
 Que uivam ao longo da costa.
 E que se saiba
 Que ninguém os ouve, por entre conversas e risos.

 Louis MacNeice

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